sexta-feira, 6 de setembro de 2013

DAS GOTAS À AGULHA

Nossos agradecimentos ao Dr. Profº. Claudio S. Pannuti, Professor titular do Laboratório de Virologia, Instituto de Medicina Tropical de São Paulo, Universidade de São Paulo, por suas considerações.  Agradecemos também a colaboração do Cº Juscelino Mende Almeida Neto, pela iniciativa e envio do texto

"Li com grande interesse a matéria escrita do Dr. Carlos Ernani Rosado Soares(Publicada na Revista Brasil Rotário) sobre a vacinação contra a poliomielite. É um depoimento fascinante sobre a história da vacinação no Brasil, depoimento que vai além de sua experiência como médico, pois faz uma imersão na sua experiência pessoal. Seu depoimento sobre o contato direto, já como médico, com as doenças ditas “próprias da infância”, mas que causavam adoecimento e morte, como a difteria, tétano, sarampo e outras, são importantes... Felizmente, porém, coisas do passado. Contudo, seu depoimento é imprescindível, para que todos possam lembrar que muito esforço que foi feito e ainda é feito, para que estas doenças não sejam vistas como destino inevitável de milhões de pessoas, principalmente em países mais pobres. Gostaria de ressaltar aqui o papel do ROTARY INTERNACIONAL junto com outras instituições, no apoio às iniciativas da Organização Mundial da Saúde (OMS) e Organização Pan-americana de Saúde (OPAS) para desenvolvimento e implementação de campanhas de vacinação contra a poliomielite e outras doenças imunopreviníveis. Contudo, não posso deixar de comentar uma afirmação do Dr. Soares na referida matéria, que “o fenômeno da resistência é inevitável” e que ”lamentavelmente, teria chegado a vez da poliomielite”, como se a mudança da vacina oral contra a pólio (“Vacina Sabin” ) tivesse sido provocada por uma resistência dos vírus selvagens da pólio para a vacina oral. Na verdade, a única razão para a mudança foi a erradicação da transmissão da pólio no Brasil, através da melhoria das condições da água ofertada nos domicílios e, principalmente, pela bem sucedida política de vacinação do Ministério da Saúde e das Secretarias de Saúde Estaduais e Municipais. Uma vez erradicada a transmissão do vírus selvagem, efeitos colaterais que poderiam ocorrer raríssimamente devido à vacina oral da pólio, passaram a constituir um risco de adoecimento maior que os causados pela doença, natural. Dentre estes eventos colaterais, passaram a ocorrer casos de poliomielite causada pelo vírus vacinal, mesmo atenuado, em crianças com deficiência da imunidade, congênita ou, mais comumente, adquirida por doenças neoplásicas malignas (câncer, e leucemias e linfomas) ou por tratamento com drogas que diminuem a imunidade, ou após transplantes de órgãos. Desta forma, a introdução da vacina inativada contra pólio pelo Ministério da Saúde do Brasil veio em boa hora, para anular os riscos de uma vacina que trouxe benefícios incalculáveis para nossas crianças, mas que, pela mudança do panorama da poliomielite no Brasil, teve que ser reprogramada. Hoje, a vacina Sabin continua a ser aplicada, mas somente após pelo menos duas doses da vacina inativada (SALK).
Gostaria de congratular-me com o BRASIL ROTÁRIO por trazer estes temas aos leitores. O ROTARY, mais uma vez, mostra seu compromisso com a sociedade nesta área das imunizações."

Claudio S. Pannuti
Laboratório de Virologia
Instituto de Medicina Tropical de São Paulo
Universidade de São Paulo.

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